quinta-feira, 24 de junho de 2010

Por que a Tecnologia Fascina? Por que a Internet Fascina? Parte I

Vivemos numa sociedade do Conhecimento que disputa espaço com a sociedade da Informação. Sim, pois apesar de tantos apelos e tantas fontes disponíveis, nos deparamos com a dúvida: o que é realmente útil e de construtivo na formação do ser digital?
Nesta primeira parte deste ensaio, tento entender que: não vivemos mais sem a tecnologia. Diversos setores da nossa sociedade, incluindo o Estado, se abastecem da dependência das facilidades e agilidades da tecnologia. Nunca antes o homem foi tão ativo e proativo na consturção de seu conhecimento.
Se levarmos em conta um "simples" sistema WIKI, vamos ter a real noção do que está se transformando a sociedade digital. Um sistema colaborativo que prima pela coletividade é um exemplo nato de que a democracia do conhecimento e por direito está sendo implementada, mesmo que de forma letárgica.
Coletividade e colaboração! A Wikipedia, o mais ilustre exemplo é uma fonte inesgotável de conhecimento dinâmico e em constante mutação e amplição.
Nunca antes a história foi construída pela coletividade. A construção da história, transcendeu o próprio conceito de história, o homem acessa e intervém no presente, mudando o futuro e a contemporaneidade de forma rápida e ativa.
Coletividade, palavra que determina uma linha infinita de conhecimentos. Tal como observa Pierre Lévy(1994). "A inteligência coletiva visa menos domínio de si por intermédio das comunidades humanas que a um abandono essencial que diz respeito à idéia de identidade, aos mecanismos de dominação e de desencadeamento dos conflitos, ao desbloqueio de uma comunicação confiscada, a voltar a trocar entre si pensamentos isolados."
O sujeito hoje, tem em mãos a possibilidade de compartilhar seus anseios, sua dúvidas e opiniões através de blog e/ou sites de relacionamentos. A produção textual nunca foi tão volumosa, mesmo que as vezes, carente de qualidade, mas produtiva, pois cada ser torna-se autor de sua própria biografia, alterando a imagem de si mesmo, brincando com sua auto estima, seus desejos, objetivos e "edita" as suas concepções.
Compartilha, colabora e intervém em produções visuais e audio-visuais, utilizando-se de ferramentas gratuitas para a publicação de si mesmo. Torna-se celebridade de seu contexto.
Continua....


* livro da citação: A Inteligência Coletiva - Pierre Lévy (1994)

sábado, 19 de junho de 2010

Web + Mundo Educacional

Semana passada participei de um encontro de educação básica. O EnEB - Encontro Estadual de Educação Básica promovido pelo Unilasalle. Muito legal, muito proveitoso. Estava como coordenadora de uma das salas, mais precisamente a que debatia assuntos sobre tecnologias.
Trabalhos ótimos foram expostos ali, novas perspectivas se abrem quando se depara com as mobilizações de professores no trato da sala de aula, com a preocupação em trazer a realidade para a escola. Porém, nestes momentos, sempre nos deparamos com fatos ainda fora da realidade da educação no Brasil. Se a democracia existe e, ainda nos debatemos para aplicá-la pois ainda é amputada, como dizia Saramago, noções de aplicação de tecnologias dentro de sala de aula com recursos do mais alto custo e, aliado ao não "amigável", me assustam tanto quanto ao tomar conhecimento de que Jobs e Wozniak, em 1975 já pensavam em acessibilidade para o povo.
Bem como o pensamento de que professores de escola pública estão engessados no trato das tecnologias. Ora, se quase todo mundo sabe operar no (inútil) Orkut, sabe fazer buscas no Google e, ainda, com certeza que sabem usar um editor de textos, então, professores, estão aptos para iniciar o uso da tecnologia em sala de aula. Nada que um pouco de vontade didática, conscientização de seu verdadeiro papel como educador para mudar um pouco esta realidade. Já cheguei a conclusão de que, sequer precisa ter um laboratório na escola para que alunos acessem a internet, com o "advento" do 3G, este acesso se popularizou muito mais do que se podia imaginar. O custo de um computador baixou, os sistemas estão cada vez mais interativos, fáceis e amigáveis e, em qualquer lugar deste Brasil existe uma LAN-House com todos os recursos mínimos para garantir o acesso da população a Internet. Então professores, o aluno possui o acesso autônomo a Internet, possui o interesse em buscar o que lhe interessa, cabe a nós, com mais experiência e, que trilhamos um caminho que eles estão começando a percorrer, mesmo que diferente - pois o contemporâneo é mutável a cada minuto - nos adaptarmos ao que ocorre num mundo cada vez mais coletivo e democrático.

domingo, 13 de junho de 2010

Sistemas e suas "inclusões"...


Navegando pela web este final de semana, tentando buscar dados de um lado para o outro e, acima de tudo, tentando entender como funcionam as coisas...
Quando leio algo sobre inclusão digital, quase vou às raias da loucura! Qual o processo de pensamento de um grupo de pessoas em agregar aos componentes curriculares sistemas e/ou softwares não utilizados pela maioria da população? De acordo com a cybernetnews.com, um site americano que faz levantamentos estatísticos sobre o uso de sistemas operacionais, softwares a nível mundial, encontrei um artigo e, a imagem acima .... acho que diz muita coisa!
Não estou questionando navegadores, mas sim, sistemas ACESSÍVEIS, DOTADOS DE PORTABILIDADE E, ACIMA DE TUDO AMIGÁVEIS!
Depois, dizem que não tenho razão para ser contra alguns Sistemas :)
** Não defendo tecnologia só para nerds, defendo o acesso a tecnologia para TODOS!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Níveis da educação com novos conceitos e/ou preconceitos.


Boas discussões nos trazem boas reflexões ou indignações! Na semana passada, na aula, discutíamos sobre a relação Escola/Mercado de trabalho... Bem, no final das contas, acredito que este tema é um tanto quanto polêmico, pois sempre gera conflitos e embates de idéias, conceitos e preconceitos.
Não há como pensar em Educação desvinculada do que ocorre no mercado de trabalho, muito menos, desprezar novos (ou nem tanto) níveis de educação que surgem da demanda deste mesmo mercado. Falo aqui do ensino superior na modalidade tecnólogo- Ensino Profissional. Algumas instituições e seus corpos docentes (não generalizados, é claro) ainda "refletem" e manifestam inconscientemente os seus preconceitos, isto me deixa muito indignada com a falta de visão e reflexão do que ocorre no mundo atualmente! Educação e Mercado de trabalho devem ser parceiros, pois a evolução humana depende também desses dois setores!
A modalidade de ensino tecnólogo - educação profissional é voltada para a classe trabalhadora, portanto é democrática, com certeza, não ainda da forma totalizadora, pois ainda assim é elitizante - não alcança a todos! Então..., penso com os meus botões: Qual o objetivo da grande classe acadêmica ao discriminar este ensino? Por que não possui formação humanista? Por que o foco é no mercado de trabalho? Adoro ler conceitos como os de Florestan Fernandes (p. 60), que diz: "uma universidade à altura das exigências educacionais da civilização baseada na ciência e na tecnologia científica ... uma universidade totalmente nova – educacionalmente criadora, intelectualmente crítica e socialmente atuante, aberta ao povo e capaz de exprimir politicamente os seus anseios mais profundo (grifo meu)" Ainda bem que existem pessoas com alto grau de inteligência e discernimento, pois esta semana, na minha aula de mestrado que citei anteriormente, ouvi o absurdo por parte de um colega de que: educação profissional é sinônimo de "bater martelinho".
Penso, repenso, reflito milhões de vezes e não consigo ver uma lógica neste pensamento preconceituoso, pois a minha realidade é outra!
Trabalho há uma década numa instituição escolar que opera, participa e é ativa na educação profissional e, o que vejo? Alunos se transformando em sujeitos ativos e participantes do mercado de trabalho e sociedade! Vejo alunos crescendo e se transformando em profissionais competentes com auto estima e construindo suas vidas com o conhecimento adquirido no Ensino Profissional!! O nível Tecnólogo/Técnico amplia as capacidades intelectuais e afetivas do ser e, talvez, o "bater martelinho" que ouvi não seja a educação humanista, clássica ou detentora do status quo, necessário aquele cidadão, mas com certeza, supre as necessidades de todos aqueles que não conseguem ingressar num curso de graduação tradicional e os transforma em seres muito mais competentes do que aqueles que possuem o preconceito enraizado nas suas ações, pois estes, não conseguem e jamais conseguirão acompanhar o mundo contemporâneo. Mundo que se transforma e reconstrói a cada segundo.

- Livro da citação: FERNANDES, Florestan. Universidade brasileira: reforma ou revolução? São Paulo, Alfa Ômega, 1979.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Tecnologias e Educação – Reconstruindo saberes

Resumo:

Esse ensaio trata das concepções atuais de realidade de uma sociedade baseada numa cultura global, onde, distâncias físicas, cognitivas e virtuais se diminuem dia a dia, hora a hora. A mutação social é constante, a dinamicidade é, até certo ponto, cruel, pois torna ciente a todos os atores do contexto atual, de que estamos muito longe de uma democracia de direito para todos. Um ponto de partida poderia ser a Escola fundamentada em uma educação baseada num currículo realista e adequado às necessidades de uma humanidade focada numa sociedade em permanente transmutação de conhecimentos e saberes. Um currículo estruturado nas necessidades de uma população carente de recursos sociais, intelectuais e tecnológicos. Precisamos ter a consciência de que a evolução técnica se acelerou deixando para trás a evolução moral e social e, como consequência, surge o desnivelamento entre tecnologia e social, entre direito democrático e práticas democráticas. Um dos protagonistas desta “distância” é o próprio Estado que, frequentemente aplica a prática da descontinuidade de políticas sociais deixando a sociedade refém do assistencialismo dependente, refletindo assim na Educação e consequentemente na sociedade.

Numa concepção diferenciada, proponho a problematização e análise dos estudos do currículo atual e a adaptação do mesmo na escola com forma de restabelecer uma nova educação ambientada no paradigma da globalização e análise da evolução tecnológica e a sua aplicação na sociedade global.

A “Ditadura” da Tecnologia

Na evolução das tecnologias, a sociedade foi envolvida de forma rápida e não tão eficiente e até certo ponto com uma dose de deslumbramento, pois se criou uma dicotomia nas relações sociais, afetivas e cognitivas. Pensar em uma sociedade que muda tão rápido, com valores diversos e ao mesmo tempo específicos, cria um sentimento de novas adaptações, novas elaborações e associações para uma nova estrutura social como um todo. O problema é: adequar uma rede de conhecimento, saberes e competências a um mundo que se encontra tão “curto” nas distâncias da informação e tão globalizados nas ações.

Emergimos de uma prática taylorista/fordista que acelerou o crescimento capitalista no pós guerra. Esse mesmo crescimento capitalista deu passagem para a democracia e, consequentemente a democracia de direito que, assegura os mesmos direitos a todos os seres da sociedade, pelo menos na teoria. Na prática, estamos muito aquém da solução de todas as diferenças geradas pelo capitalismo.

No século XXI a tecnologia é imperativa na vida humana, ou seja, há muito tempo é uma extensão de nossos dias, de nossas ações e de nossa formação, formando uma sociedade “neo-tecnicista”.

Se pensarmos na evolução da tecnologia/informática, nos remeteremos ao tempo da II Guerra Mundial, Douglas Engelbart, um operador de radar, porém visionário, não se conformando com computadores tão gigantes e ao mesmo tempo complexos no operar, pensou em uma maneira de criar um dispositivo (o mouse) totalmente interativo e intuitivo, para aproximar o homem da máquina, mesmo sendo essa ultima, sua própria criação. Se avançarmos mais um pouco no tempo, encontraremos Steve Jobs e Steve Wozniak, mágicos visionários das tecnologias, sempre à frente de seu tempo e num mundo paralelo às políticas e seus conflitos, desenvolveram a técnica por excelência: um sistema amigável, que permitisse ao homem uma total interação com a máquina. Com seus objetivos alcançados, a maior parte do desenvolvimento das tecnologias criadas e estruturadas para conflitos políticos chegaram à sociedade, ao mundo e a humanidade. As tecnologias foram responsáveis pelo crescimento do capitalismo e vice-versa, pois se estabeleceu a globalização, onde um planeta inteiro e suas culturas e civilizações são uma só lutando para não serem “devoradas” por um senso comum, e tomando conhecimento da importância do transitar entre as inúmeras diversidades e identidades que compõem a humanidade..

O que desejo dizer com esse breve e resumido compêndio da história da tecnologia? O homem, a humanidade não assimilou a velocidade da evolução de sua própria espécie. Segue numa corrida para buscar novos desafios e recursos facilitadores de sua própria existência, esquecendo-se de adequá-las aos procedimentos básicos e necessários de sua vida e com acesso garantido a todos por direito. Não há ainda uma política pública realmente eficiente no que diz respeito a inclusão de todos os seres nessa sociedade de conhecimento veloz, pois perde-se identidades em nome de uma cultura global. O acesso ao conhecimento de fato se limita ao básico e, a inclusão gera uma “casta” dos excluídos da inclusão. A não gestão por parte do Estado e sociedade possui ainda uma visão territorial que se perde na descentralização de órgãos incomunicáveis, obsoletos e adeptos da descontinuidade.

Governar uma nova humanidade requer, acima de tudo, a integração entre muitas identidades que formam um coletivo, necessita de novos paradigmas que pelo menos entrem em frequência com a mutação do conhecimento. Pierre Lévy (1994), se refere:

“Como governar em situação de desterritorialização acelerada? A invenção de novos modos de regulação política surge como uma das tarefas que se impõem com urgência à humanidade. Moralmente desejável quando caminha no sentido de um aprofundamento da democracia, essa invenção envolve a saúde pública ao condicionar a resolução dos problemas graves e complexos de nosso tempo.”

A falta de estrutura política de governos que ficaram imersos durante tantos anos em conflitos “virtuais” ou não. As corridas dos armamentos tendo como a tecnologia de ponta a seu serviço, me fez abrir os olhos e visualizar um horizonte facilitador, porém com acesso somente a elite.

Construindo um Novo Paradigma a Partir de um Modelo Dinâmico

A Educação é para mim, a única fonte e estrutura capaz de mudar o que já está tão enraizado se contrapondo a realidade atual. É o ponto de partida que, querendo ou não ainda alcança a todos, em diversos níveis, é claro, mas está presente na vida do homem, com maior ou menor importância, com maior ou menor abrangência.

Educação faz parte do convívio social e parte da humanidade. Estabelecer novos paradigmas na aplicação envolve estabelecer parâmetros do que é realmente essencial para o homem inserido no contexto atual do mundo em que vivemos. Vejo como um dos caminhos a adequação das estruturas curriculares, pois as mudanças são aplicadas a todas as áreas e níveis da educação, precisando com urgência se adaptar a uma realidade em constante movimento e dinamismo. Além da “edição curricular”, uma nova perspectiva de formação de educadores, uma prática pedagógica ambientada ao digital.

Acácia Zeneida Kuenzer, , se posiciona sobre o assunto, afirmando que:

“ A globalização da economia e a reestruturação produtiva se deram a partir da derrubada das fronteiras também no campo da ciência, construindo áreas transdisciplinares em face da problemática do mundo contemporâneo; este mesmo tratamento precisará ser dado aos conteúdos, derrubando-se as clássicas divisões entre as disciplinas, para compor novos arranjos de conteúdos das várias áreas de conhecimento, articulados por eixos temáticos definidos pela práxis social e pelas peculiaridades de cada processo produtivo na formação profissional.”

Se, por um lado vejo a família com acesso as tecnologias, crianças na mais tenra idade entrando em contato com o computador, praticamente se criando sobre os padrões e formas de operação da informática, vejo o contraponto dentro de cada sala de aula, onde somente o tradicional é aplicado e, muito pouco. Em escolas privadas, a informática é usada somente como um recurso para pesquisas orientadas também de forma tradicional. Se o paradigma mudou, a base precisa ser transformada e reconstruída, pois somente o tradicional não cabe mais nos dias de hoje.

Proponho uma aproximação da sociedade do conhecimento para as práticas pedagógicas, para o dia a dia da sala de aula. O ambiente escolar precisa, com urgência transitar mais no Digital, na Rede, nas Informações e transformá-las em construção de conhecimento. A Escola, os educadores precisam se confrontar com a realidade de que existe o acesso autônomo do educando ao conhecimento, esse busca suas informações relacionadas sempre ao seu ponto de interesse, aprende e assimila os principais pontos vitais de sua pesquisa. Se a Escola souber canalizar esses novos hábitos, criará um ambiente propício para a construção desse conhecimento, diminuindo a distância do que se aplica na sala de aula e o que realmente acontece no mundo. Ao aproximar o educando do processo pedagógico, isto faz com que o mesmo seja um coautor de seu próprio processo cognitivo.

É obvio que a discussão não finda nessas poucas idéias, ainda preciso descobrir qual o papel fundamental e eficaz do Estado, da sociedade e acima de tudo: Como e qual será a análise, intervenção e participação da Escola nessa revolução de saberes e conhecimento. Particularmente, me aproprio de uma frase definitiva de Pierre Lévy quando se refere ao nomadismo desta época, em seu livro A Inteligência Coletiva (1994). “Caso se tratasse apenas de passar de uma cultura a outra, ainda teríamos exemplos, referencias históricas. Mas passamos de uma humanidade a outra; outra humanidade que não apenas permanece obscura, indeterminada, mas que até mesmo nos recusamos a interrogar, que ainda não aceitamos examinar.”

Bibliografia:

KUENZER, Acácia Zeneida, As Mudanças no Mundo do Trabalho e a Educação: Novos Desafios para a Gestão. Gestão Democrática da Educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo : Cortez, 2006

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Ed 34. Rio de Janeiro, 1993

LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2000