segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O Contexto da Autonomia na Educação


Sem precedentes e sem referências, estamos vivendo uma nova estrutura social ao mesmo tempo em que a mesma se constrói. Partindo da realidade em que todos estamos conectados, visualizamos um mundo total e global em todos os setores da humanidade.
Métodos do Construtivismo de Vygotsky se reconstroem a partir da autonomia de cada indivíduo e, carregam para a sala de aula uma nova proposta pedagógica onde só o educador não estabelece mais o que deve ser aprendido. Se Vygotsky já definia que os signos e a linguagem simbólica do homem estabeleciam relações de conhecimento através da interação com a realidade, hoje em dia, esta realidade torna-se muito mais do que coadjuvante da construção do conhecimento. A realidade contemporânea trata de símbolos como ícones tanto no mundo real, quanto no mundo virtual fazendo com que ambos se interponham na vida diária. Estes símbolos e ícones tornam-se signos vivenciados em mundo totalmente compartilhado e coletivo. Todas as constatações transformam-se em fatos, em informações levadas para dentro de uma sala de aula.
O currículo formal desenvolvido em escolas e academias quase perde sua funcionalidade diante das informações disponíveis na grande rede, pois o educando ascende a novos meios exploratórios de conhecimento, como a Internet.
A autonomia da informação nem sempre se transforma em conhecimento, pois este educando, ao acessar o que lhe interessa se satisfaz com a superficialidade, não avança, não aprofunda, bastando-lhe as informações limitadas que a um primeiro olhar ele assimila. Mesmo com estas poucas "idéias", ainda ouso afirmar que o método do construtivismo se transformou e, pelo despreparo docente e, consequentemente das instituições com seus currículos; o "construtivismo" entra em sala de aula pelo lado inverso: somente pelo lado do aluno, por suas informações superficiais que são tratadas como totalitárias a partir do uso sem conscientização da tecnologia.
A Educação Tradicional necessita refletir para a transformação de uma Educação Multidirecional. O currículo precisa ser transformado, as escolas necessitam abraçar a importância da conscientização da tecnologia na aplicação diária do educando, não só como forma de conteúdo, mas também como postura de vida. Itens pontuais de utilização da tecnologia precisam entrar nos currículos escolares e acadêmicos.
As reformas educativas não mergulham no Digital, somente "brincam" com recursos superficias que acabam por gerar vícios no trato pedagógico. Descartam a importância de conceitos de Democracia e Coletividade, limitam-se ao que ocorre localmente e dentro de uma sala de aula, de preferência ainda, ao conhecimento arcaico de determinados educadores que ainda se assumem como detentores de uma verdade única.
Somente após a conscientização de que todos estamos dentro de um mesmo contexto, é que poderemos analisar novas formas eficientes de construirmos e adequarmos a Reforma Educativa ao micro habitat que pertencemos. Somemente após conhecermos os novos símbolos e signos de nossa aldeia global é que encontraremos as repostas para a educação em tempo de globalização digital.


-----------------------------------------------------------------------------------------
A imagem acima inserida, salvei do website: http://www.cybergeography.org
Exibe em tempo real o mapa do novo território informacional, ou seja, estamos SEMPRE conectados!

sábado, 4 de setembro de 2010

Estimulando Saberes



O "Saber" transformado, reconstruído e adaptado a uma realidade de vida. Trabalhar com educação transforma o homem num ser mutante e em constante transformação, ainda mais nos dias de hoje.

Se Paulo Freire construiu uma Pedagogia da Libertação, baseada em fundamentos marxistas para aproximar a educação das classes populares, esta tendência nos trouxe preciosas colaborações e associações para a prática pedagógica. É muito mais do que importante reconhecer uma transformação cultural das tecnologias no que diz respeito a todo e qualquer processo de ensino-aprendizagem atual não só no Brasil, mas como no planeta inteiro, pois a humanidade é, mais do que nunca um todo. O reconhecimento desta transformação cultural e social nos remete a outros processos completamente diferenciados dos que ainda são utilizados como metodologias de educação.

O professor como educador na sua essência precisa ter o conhecimento que sua formação inicial não prepara para todas as vicissitudes que encontra em sala de aula. Tudo interfere e interage com a prática do ensino: faixa etária dos alunos, número de alunos em sala de aula, gestão da direção, autonomia em sala de aula, etc.

A construção diária do ensino-aprendizagem passa por muitos fatores. Não vou me prender a gestão do Estado na Educação, pois acho que, depois de tantos estudos e análises, chegamos a conclusão que muito precisa ser feito e sempre será necessário o diálogo crítico de todas as posições na esfera educacional.

O que quero compartilhar aqui é que, mesmo sem "depender" de fatores externos às paredes de uma sala de aula, o professor precisa tomar a iniciativa de transformação de atitude e buscar novas práticas pedagógicas. Como “fazer” o início da prática desta transformação? O estímulo é o gerador da motivação. Cabe ao professor estabelecer, definir em concomitância com seu grupo as diretrizes de ação, a construção contínua de conhecimentos e experiências . Estas diretrizes de ação, são os estímulos em pequenas doses destilados em encontros diários que provocam o florescer da motivação. É o professor entender que o conhecimento não é mais feito em processo de estocagem, mas que conhecimento é um fluxo, segundo Pierre Lévy, em mesa redonda na Unisinos tendo como tema: A Educação na era do Conhecimento.

Não há problema nenhum em inovar, muito pelo contrário, é revigorante, é estimulante, é emocionante e gratificante. Os conhecimento estão ao alcance de todos, talvez possamos nos dar conta da verdadeira democracia, por nós mesmos, sem a interferência ou a "orientação" de um Estado obsoleto e descontinuado.

E inovar não é difícil! Precisamos sim, como educadores tomar a consciência de que recursos poderosos estão disponíveis, podem ser associados a componentes de currículos sendo ele oculto ou formal, não importa! Transformar a vontade, o desejo do aluno de ir à aula, de buscar o conhecimento de encontrar o seu próprio caminho. O professor deve usar a tecnologia como um aliado, não como um processo de desintecualização. Falar a mesma linguagem respeitando os limites padronizados da relação sócio-cultural. Utilizar-se da tecnologia e ter consciência que o tempo agora é: encontrar novas formas de ensinar para uma sociedade em constante mutação.

Um exemplo bem prático foi o que aconteceu com uma turma na qual estou ministrando aulas de Segurança de redes baseada em WindowsServer. Uma turma de 37 alunos, turno da tarde, adolescentes na faixa de 16 a 17 anos. Turma de difícil controle e, nesta semana estavam além de sua agitação normal. Na quarta-feira, após a volta do intervalo; quadro cheio com atividades de revisão e recuperação do conteúdo e eles: sem nenhuma motivação para fazer a atividade. O que pensei? Como transformar uma atividade curricular necessária em estímulo para o seu próprio desenvolvimento? Como alguns alunos ainda estavam fechando seus jogos em seus notebooks, tomei uma decisão e mudei um pouco a atividade.

De pastas com conteúdo formal do currículo da disciplina compartilhadas em rede para que liberassem o acesso de acordo com o conteúdo trabalhado em aula, mudei para: criar e configurar três servidores de jogos em sala de aula. Utilizar todo o conteúdo prático desenvolvido até então na disciplina para a configuração do jogo.

Resultado: a instrução de trabalho foi mencionada somente uma vez! Todos os alunos trabalharam os itens propostos. Criaram e desenvolveram os servidores, trabalharam com vontade, com afinco e motivação. Alcancei meu objetivo e, com a certeza de que, estes conteúdos trabalhados, não serão meramente esquecidos, pois ainda, no dia seguinte, comentavam a tarefa e, melhor ainda, relacionada ao conteúdo que foi compartilhado em sala de aula.

A conclusão que tiro deste fato é: a motivação existe sempre, basta utilizarmos o estímulo certo. Nada como o professor percorrer parte do caminho de encontro aos interesses do aluno. Assim, conseguimos que eles percorram a outra metade desta distância. Construir um ambiente de ensino-aprendizagem, significa também COMPARTILHAR E DIALOGAR!



----------------------------------------------------------------------------------------

LÉVY, Pierre em mesa redonda A Educação na era do Conhecimento, Unisinos, ano: 2000.(online), em: <http://www.unisinos.br/filoweb/?p=117>