sábado, 4 de setembro de 2010

Estimulando Saberes



O "Saber" transformado, reconstruído e adaptado a uma realidade de vida. Trabalhar com educação transforma o homem num ser mutante e em constante transformação, ainda mais nos dias de hoje.

Se Paulo Freire construiu uma Pedagogia da Libertação, baseada em fundamentos marxistas para aproximar a educação das classes populares, esta tendência nos trouxe preciosas colaborações e associações para a prática pedagógica. É muito mais do que importante reconhecer uma transformação cultural das tecnologias no que diz respeito a todo e qualquer processo de ensino-aprendizagem atual não só no Brasil, mas como no planeta inteiro, pois a humanidade é, mais do que nunca um todo. O reconhecimento desta transformação cultural e social nos remete a outros processos completamente diferenciados dos que ainda são utilizados como metodologias de educação.

O professor como educador na sua essência precisa ter o conhecimento que sua formação inicial não prepara para todas as vicissitudes que encontra em sala de aula. Tudo interfere e interage com a prática do ensino: faixa etária dos alunos, número de alunos em sala de aula, gestão da direção, autonomia em sala de aula, etc.

A construção diária do ensino-aprendizagem passa por muitos fatores. Não vou me prender a gestão do Estado na Educação, pois acho que, depois de tantos estudos e análises, chegamos a conclusão que muito precisa ser feito e sempre será necessário o diálogo crítico de todas as posições na esfera educacional.

O que quero compartilhar aqui é que, mesmo sem "depender" de fatores externos às paredes de uma sala de aula, o professor precisa tomar a iniciativa de transformação de atitude e buscar novas práticas pedagógicas. Como “fazer” o início da prática desta transformação? O estímulo é o gerador da motivação. Cabe ao professor estabelecer, definir em concomitância com seu grupo as diretrizes de ação, a construção contínua de conhecimentos e experiências . Estas diretrizes de ação, são os estímulos em pequenas doses destilados em encontros diários que provocam o florescer da motivação. É o professor entender que o conhecimento não é mais feito em processo de estocagem, mas que conhecimento é um fluxo, segundo Pierre Lévy, em mesa redonda na Unisinos tendo como tema: A Educação na era do Conhecimento.

Não há problema nenhum em inovar, muito pelo contrário, é revigorante, é estimulante, é emocionante e gratificante. Os conhecimento estão ao alcance de todos, talvez possamos nos dar conta da verdadeira democracia, por nós mesmos, sem a interferência ou a "orientação" de um Estado obsoleto e descontinuado.

E inovar não é difícil! Precisamos sim, como educadores tomar a consciência de que recursos poderosos estão disponíveis, podem ser associados a componentes de currículos sendo ele oculto ou formal, não importa! Transformar a vontade, o desejo do aluno de ir à aula, de buscar o conhecimento de encontrar o seu próprio caminho. O professor deve usar a tecnologia como um aliado, não como um processo de desintecualização. Falar a mesma linguagem respeitando os limites padronizados da relação sócio-cultural. Utilizar-se da tecnologia e ter consciência que o tempo agora é: encontrar novas formas de ensinar para uma sociedade em constante mutação.

Um exemplo bem prático foi o que aconteceu com uma turma na qual estou ministrando aulas de Segurança de redes baseada em WindowsServer. Uma turma de 37 alunos, turno da tarde, adolescentes na faixa de 16 a 17 anos. Turma de difícil controle e, nesta semana estavam além de sua agitação normal. Na quarta-feira, após a volta do intervalo; quadro cheio com atividades de revisão e recuperação do conteúdo e eles: sem nenhuma motivação para fazer a atividade. O que pensei? Como transformar uma atividade curricular necessária em estímulo para o seu próprio desenvolvimento? Como alguns alunos ainda estavam fechando seus jogos em seus notebooks, tomei uma decisão e mudei um pouco a atividade.

De pastas com conteúdo formal do currículo da disciplina compartilhadas em rede para que liberassem o acesso de acordo com o conteúdo trabalhado em aula, mudei para: criar e configurar três servidores de jogos em sala de aula. Utilizar todo o conteúdo prático desenvolvido até então na disciplina para a configuração do jogo.

Resultado: a instrução de trabalho foi mencionada somente uma vez! Todos os alunos trabalharam os itens propostos. Criaram e desenvolveram os servidores, trabalharam com vontade, com afinco e motivação. Alcancei meu objetivo e, com a certeza de que, estes conteúdos trabalhados, não serão meramente esquecidos, pois ainda, no dia seguinte, comentavam a tarefa e, melhor ainda, relacionada ao conteúdo que foi compartilhado em sala de aula.

A conclusão que tiro deste fato é: a motivação existe sempre, basta utilizarmos o estímulo certo. Nada como o professor percorrer parte do caminho de encontro aos interesses do aluno. Assim, conseguimos que eles percorram a outra metade desta distância. Construir um ambiente de ensino-aprendizagem, significa também COMPARTILHAR E DIALOGAR!



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LÉVY, Pierre em mesa redonda A Educação na era do Conhecimento, Unisinos, ano: 2000.(online), em: <http://www.unisinos.br/filoweb/?p=117>

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